Cidades Esponja – Conheça as alternativas para contribuir para o fim das Enchentes

Em muitas cidades em dias de chuva, mesmo que com baixa intensidade, o alagamento ocasionado por enchentes acontece quase imediatamente. Esse problema é mais comum do que se pensa. É o retrato de um desenvolvimento urbano desenfreado, políticas de drenagem urbana escassas e falta de destinação correta de resíduos. E esse fenômeno não acontece apenas no Brasil.

Esse é um problema enfrentado por muitos países, porém alguns como a China, decidiram abraçar o conceito de cidade-esponja, ou cidade alagável, e vem minimizando os impactos das chuvas (e ainda tendo benefícios com o local).

Parque Alagável de Yongning, em Taizhou, na China, antes e depois de adotar o conceito de cidade-esponja.

O próprio nome já resume a proposta: cidades-esponja são construções criadas em projetos urbanísticos projetados justamente com o objetivo de absorver a água, tal qual uma esponja. Desse modo, uma série de recursos consegue administrar a quantidade de água, que se acumula na construção e não em outros pontos da cidade, e tem tempo para ser destinada ao que foi programado. Diferente do que acontece habitualmente, que é coletar a água da chuva e imediatamente escoar para os rios através de bocas de lobo. O resultado mais comum é as bocas de lobo e a rede de drenagem de água da chuva não ser suficiente para tamanho volume de água, o que resulta em enchentes e alagamentos cada vez mais frequentes.

Para explicar como esse sistema de drenagem funciona na prática, voltamos à China. Em 2012, uma enchente causou a morte de quase 80 pessoas na capital Pequim. Mas, ao mesmo tempo, fotos de turistas tiradas na época mostraram a Cidade Proibida completamente seca. Tudo isso graças a seu antigo sistema de drenagem. O país viveu um intenso processo de urbanização nas últimas décadas e passou a ser uma das nações que mais investem em cidades-esponja. Taizhou e Jinhua, localizadas na província de Zhejiang, começaram substituindo muros de concreto por parques.

Um parque alagável, além de ser um espaço extra para as águas, também conta com uma vegetação pensada para absorver a água e fomentar a biodiversidade local. É ainda pode ser utilizado pela população para passeios (quando há passarelas) nos períodos de seca. Essa é só uma das medidas que uma cidade-esponja pode adotar. Entre elas também estão: telhados verdes, calçamentos permeáveis e praças-piscina.

Privilegiando a Vegetação

Outro ponto alto das cidades-esponja é privilegiar a vegetação. Ela é quem vai segurar a chuva e dar tempo de o solo absorver o volume de água.

O arquiteto chinês Kongjian Yu, que ficou conhecido pela sua teoria e prática das cidades-esponja, defende que construir cidades-esponja ajuda a enfrentar a força da água no período das chuvas e também mantê-la fluindo pelas torneiras durante os meses mais secos do ano.

Não somente a China, mas países como Estados Unidos, Países Baixos, Alemanha e Dinamarca também estão investindo nas cidades-esponja, seja em parques ou praças alagáveis, calçamentos permeáveis e outras alternativas para frear o alagamento.

Aqui no Brasil temos construções voltadas aos telhados verdes em algumas capitais. Eles ajudam a regular a temperatura das cidades, filtrar o ar e filtrar a própria água. Mas em um país que sofre frequentemente com enchentes e vem se caracterizando pelo crescimento desenfreado, outros conceitos deveriam ser aplicados daqui em diante para minimizar os desastres que são causados frequentemente por causa das chuvas.

O inverno é um dos melhores períodos para investir nesse tipo de alternativa. Elas estarão prontas a tempo do verão e das grandes chuvas da estação, atenuando esses problemas que afetam a mobilidade urbana, a segurança e a qualidade de vida. As cidades-esponja querem aliar desenvolvimento, urbanismo e consciência ambiental. Para colocar em prática, deve-se exigir das construtoras e principalmente das autoridades um planejamento urbano sustentável e que vise